“Dias de apoio garantido dos EUA à Europa acabaram”, alerta Zelensky

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou que os dias de apoio garantido dos Estados unidos à Europa acabaram, ao pedir que o continente se unisse para criar um exército e uma política externa unidos.

Zelensky falou esta semana que um telefonema entre o presidente russo Vladimir Putin e o americano Donald Trump levantou temores em Kiev de que estava sendo excluído das negociações, com a Casa Branca também minimizando as perspectivas da Ucrânia ingressar na Otan.

“Alguns dias atrás, o presidente Trump me contou sobre sua conversa com Putin. Ele não mencionou nenhuma vez que a América precisa da Europa naquela mesa. Isso diz muito”, afirmou o ucraniano em um discurso na Conferência de Segurança de Munique neste sábado (15).

Ele continuou dizendo, “os velhos tempos acabaram — quando a América apoiava a Europa apenas porque sempre apoiou”, acrescentou.

Falando com Christiane Amanpour da CNN no palco da conferência de segurança, Zelensky admitiu que “não estava feliz” que a primeira ligação de Trump fosse com Putin.

O líder ucraniano alertou que seria ainda “mais perigoso”, no entanto, se Trump se encontrasse com o presidente russo antes dele.

Trump não se comprometeu a se encontrar com Zelensky primeiro, afirmou o líder ucraniano à CNN.

No entanto, o presidente dos EUA entendeu a necessidade de “se reunir urgentemente” para discutir “planos concretos” para acabar com a guerra, acrescentou.

Apelo de Zelensky

Ele falou um dia depois que o vice-presidente dos EUA, JD Vance, retirou os aliados europeus dos EUA na conferência de segurança, em um discurso que mal tocou na questão da Ucrânia e de um possível acordo com a Rússia.

Zelensky pediu um exército europeu unido, pois reconheceu que os Estados Unidos podem não continuar a fornecer apoio militar como antes.

“Vamos ser honestos — agora não podemos descartar a possibilidade de que os EUA digam ‘Não’ à Europa em questões que os ameaçam. Muitos líderes falaram sobre a Europa que precisa de seu próprio exército — um Exército da Europa”, acrescentou.

Seundo o ucraniano, “ontem, aqui em Munique, o vice-presidente dos EUA deixou claro — décadas do antigo relacionamento entre a Europa e os EUA estão terminando. De agora em diante, as coisas serão diferentes, e a Europa precisa se ajustar a isso”, falou Zelensky.

Mais tarde em seu discurso, o presidente ucraniano acusou Putin de tentar “dividir o mundo” por meio de conversas individuais com Trump.

“Putin tentará fazer com que o presidente dos EUA fique na Praça Vermelha em 9 de maio deste ano, não como um líder respeitado, mas como um suporte em sua própria performance, não precisamos disso”, afirmou.

Em uma fala que provocou risos na multidão, Zelensky também admitiu ter dito a Trump que Putin tem medo dele.

“Eu disse a Trump que Putin tem medo dele e ele me ouviu. E agora Putin sabe”, expressou ironicamente.

O presidente ucraniano acrescentou que o presidente da rússia parece ser a maior influência na Otan e reiterou que as negociações de paz para acabar com o conflito não poderiam prosseguir sem o envolvimento de Kiev.

“Neste momento, o membro mais influente da Otan parece ser Putin — porque seus caprichos têm o poder de bloquear as decisões da Otan”, falou Zelensky. “A Ucrânia nunca aceitará acordos feitos pelas nossas costas sem o nosso envolvimento. E a mesma regra deve se aplicar a toda a Europa”, acrescentou.

Para ele nenhuma decisão sobre a Ucrânia deve ser feita sem a Ucrânia.

‘Nenhuma decisão sobre a Europa sem a Europa. A Europa deve ter um assento à mesa quando as decisões sobre ao continente estão sendo tomadas”, continuou Zelensky.

Após o discurso do ucraniano, o primeiro-ministro polonês Donald Tusk declarou que a Europa “precisa urgentemente de um plano de ação” sobre a Ucrânia, ou corre o risco de outros atores globais decidirem seu futuro.

“Este plano deve ser preparado agora. Não há tempo a perder”, comentou Tusk em um post no X.

Este conteúdo foi originalmente publicado em “Dias de apoio garantido dos EUA à Europa acabaram”, alerta Zelensky no site CNN Brasil.

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