Juros futuros sobem com Treasuries e comentários de Lula em foco

As taxas dos DIs fecharam em alta para vencimentos de longo prazo nesta quinta-feira (6), uma vez que os investidores elevaram os prêmios de risco do país diante dos rendimentos altos para os títulos da dívida norte-americana e de comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o cenário econômico.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 estava em 14,935%, ante o ajuste de 14,96% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 15,015%, ante ajuste de 14,996%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,64%, ante 14,579% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,59%, ante 14,531%.

As taxas foram afetadas nesta sessão por fatores tanto externos como domésticos, registrando, assim, o segundo dia seguido de alta nos prêmios, em movimento de reprecificação após as fortes quedas acumuladas no início deste ano.

Em relação ao cenário externo, pesaram o aumento dos rendimentos dos Treasuries durante a maior parte do dia, com os agentes financeiros ainda reagindo aos fortes dados de emprego no setor privado dos Estados Unidos divulgados na véspera.

O relatório da ADP mostrou na quarta que a criação de vagas de trabalho privadas nos EUA aumentou para 183.000 em janeiro, de 176.000 em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 150.000 empregos, depois de um ganho de 122.000 relatado anteriormente.

Segundo analistas, o resultado reforçou a resiliência da economia norte-americana e de seu mercado de trabalho, reforçando a percepção de que o Federal Reserve terá menos espaço para reduzir a taxa de juros neste ano, após a pausa do mês passado, o que favorece os rendimentos dos Treasuries.

“Temos um mix de cenário externo e local. Parte vem da pressão dos rendimentos dos Treasuries, ainda por conta do relatório da ADP que mostrou a resiliência da economia. É uma continuação do movimento de ontem”, avaliou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos.

O foco dos investidores agora se voltará para a divulgação do relatório de emprego de janeiro do governo norte-americano, na próxima sexta-feira (7).

Um dado acima do esperado — economistas consultados pela Reuters preveem a abertura de 170.000 vagas, ante 256.000 em dezembro — pode reduzir ainda mais o espaço para novos cortes de juros, à medida que o Fed também espera o impacto das políticas do presidente dos EUA, Donald Trump.

Já no cenário doméstico, os agentes financeiros reagiram a comentários feitos pelo presidente Lula durante entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, ambas da Bahia, em que afirmou que a inflação está “totalmente controlada” e que o governo apresentará novas medidas de crédito nos “próximos dias”.

No fim do ano passado, o mercado acirrou suas preocupações com o cenário fiscal brasileiro, demonstrando dúvidas cada vez maiores sobre o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, o que contribuiu para a elevação das taxas futuras do país.

Os comentários de Lula, em meio a uma vazio de outras notícias fiscais, fomentou a percepção de que o Executivo estaria mais concentrado em estimular a economia do que em mudar a direção da trajetória da dívida pública ou ajudar o Banco Central a controlar a inflação.

“O fiscal segue em pauta. Lula acabou mencionando a possibilidade de novas medidas de estímulo ao crédito, o que tende a ser inflacionário. O mercado segue preocupado”, disse Sueishi.

Para sexta-feira, estarão no radar do mercado declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que concederá entrevista ao vivo para a Rádio Cidade, às 8h20.

As apostas de operadores continuam precificando em sua grande maioria — 94% — a chance de o BC elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano, no encontro de março, como sinalizado pela própria autarquia na reunião de janeiro.

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