Calvin Klein e Tommy Hilfiger: marcas dos EUA viram alvo comercial da China

O Ministério das Finanças da China colocou a PVH, a empresa controladora da Calvin Klein e Tommy Hilfiger, em sua “lista de entidades não confiáveis”, incluindo as duas marcas de roupas americanas no meio de uma guerra comercial com os EUA.

Era parte de um amplo pacote de medidas econômicas que o governo chinês anunciou visando os Estados Unidos após a implementação pelo presidente Donald Trump de tarifas de 10% sobre todas as importações chinesas.

Um porta-voz do Ministério do Comércio chinês disse na terça-feira (4) que descobriu que a PVH discriminou e interferiu nas operações de empresas chinesas, embora o porta-voz não tenha fornecido detalhes.

A China também adicionou a empresa de biotecnologia dos EUA Illumina à lista.

Ser adicionado à lista de “entidades não confiáveis” pode impedir a PVH de fazer negócios na China ou levar a multas e outras penalidades, dizem especialistas.

“Ir atrás da PVH é notável porque é a primeira vez que uma marca de consumo foi alvo” com a designação de “entidade não confiável”, disse Sam Ide, vice-presidente especializado na China no Asia Group, uma empresa de consultoria empresarial. Anteriormente, o governo chinês havia adicionado empresas de defesa dos EUA à lista.

A PVH criticou a decisão e disse que trabalharia com as autoridades chinesas para resolver a situação.

A PVH, como todos os varejistas dos EUA, proíbe o fornecimento direto ou indireto da província de Xinjiang, no extremo oeste da China. Os EUA começaram a proibir todos os bens produzidos na região durante a administração do presidente Joe Biden devido a preocupações com trabalho forçado.

Grupos de direitos humanos dizem que uigures e outras minorias predominantemente muçulmanas enfrentaram uma série de abusos de direitos humanos na região, incluindo serem colocados em campos de internamento em massa.

O governo chinês pode estar retaliando a empresa por sua recusa em obter algodão de Xinjiang, vinculado ao trabalho forçado de minorias uigures. Em setembro, Pequim disse que estava investigando a PVH por “violar os princípios normais de transação de mercado” ao boicotar o algodão obtido de Xinjiang.

A China descreveu as instalações como “centros de treinamento vocacional” e alegou em 2019 que tais centros haviam sido fechados. Autoridades negaram consistentemente todas as alegações de abusos de direitos humanos em Xinjiang.

A PVH tem uma “presença significativa o suficiente na China, mas também não teria grandes ramificações econômicas”, disse Ide.

Não está claro por que o governo chinês escolheu a PVH especificamente, mas Ide observou que a PVH “preenche alguns requisitos” e que a empresa não é tão grande quanto a Nike ou outras marcas populares dos EUA na China, então haveria menos perdas de empregos e menos consequências se a PVH fechasse no país.

Restrições aos negócios da PVH na China seriam um golpe para a empresa.

Em 2023, a China contribuiu com 6% da receita da PVH e 16% do seu lucro. A Calvin Klein tem presença física em praticamente todas as províncias chinesas.

“A China é um importante motor de crescimento”, disse o CEO da PVH, Stefan Larsson, em uma teleconferência de resultados em abril. “Continuamos focados em impulsionar o conhecimento geral da marca, especialmente na China, onde tanto a Calvin quanto a Tommy são subpenetradas.”

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Calvin Klein e Tommy Hilfiger: marcas dos EUA viram alvo comercial da China no site CNN Brasil.

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