Favorito para chanceler na Alemanha promete política de imigração rígida

À medida que a Alemanha entra nas últimas semanas de campanha eleitoral, o favorito para se tornar chanceler abordou o endurecimento da política de imigração do país.

Falando à CNN em Berlim após a convenção do Partido Democrata Cristão (CDU), Friedrich Merz destacou que “controlaria as fronteiras [da Alemanha] e devolveria aqueles que viessem sem documentos”, se eleito.

Merz e o partido União, composto pela CDU e o partido irmão bávaro, o União Social-Cristã (CSU), lideram as pesquisas com 30% dos votos.

Na semana passada, Merz, um ex-banqueiro de investimentos da BlackRock com licença de piloto, também fez da imigração o foco da campanha dele. O alemão apresentou duas peças de legislação que restringiam severamente a imigração.

Enquanto o projeto de lei não vinculativo foi aprovado por uma pequena maioria, o vinculativo “Influx Limitation Act” falhou. Antes da votação de sexta-feira (31), Merz disse aos colegas parlamentares: “a porta do inferno, ainda podemos fechar juntos”.

Notavelmente, entre aqueles que votaram contra o projeto de lei, estavam integrantes do próprio partido de Merz.

A Alemanha teve uma onda de ataques recentes realizados por imigrantes que levaram a questão para o centro da campanha eleitoral.

Em janeiro, um ataque em Aschaffenburg deixou duas pessoas mortas, incluindo um menino de dois anos. O agressor era um imigrante afegão.

Pouco antes do Natal, seis pessoas foram mortas em Magdeburg depois que um imigrante de origem saudita dirigiu um carro atropelando um mercado de Natal.

Merz rejeitou o papel do partido dele no fracasso do projeto de lei. Em vez disso, ele procurou desviar a culpa para o Partido Social-Democrata (SPD) no poder, liderado pelo atual chanceler Olaf Scholz.

“Esta legislação foi algo que havíamos concordado com os sociais-democratas antes em nosso governo em 2018. Isso é algo que eles estabeleceram em seu programa eleitoral”, comentou ele à CNN.

“Então, na minha opinião, eles poderiam ter concordado com o que propusemos. E meu palpite é que eles farão isso após a eleição”, destacou.

Há um acordo não escrito entre os maiores partidos da Alemanha de que eles nunca buscariam o apoio da ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) para aprovar leis ou legislação, ação conhecida como firewall. Trabalhar com a ultradireita é um tabu na política alemã.

Na semana passada, Merz deixou claro que não se importaria se a AfD votasse em propostas para conter a imigração.

O partido de ultradireita votou em ambas as peças da legislação propostas por Merz, ajudando a empurrar o projeto de lei não vinculativo para além da linha, uma jogada arriscada que levou centenas de milhares de manifestantes às ruas.

Mas Merz reiterou à CNN que trabalhar com a AfD era um fracasso.

“Eles são contra… tudo [o que] somos, o que construímos na República Federal da Alemanha. Não há cooperação com este partido”, comentou.

Resposta de “nível europeu” a Trump

Observando as medidas econômicas do presidente dos EUA, Donald Trump, contra alguns dos aliados mais próximos dos EUA, Merz deixou claro que quaisquer tarifas impostas à União Europeia seriam tratadas “no nível europeu”.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial da União Europeia, segundo dados comerciais dos EUA.

No domingo, o presidente Trump chamou a União Europeia de uma “atrocidade” que também enfrentaria tarifas, dizendo que o bloco estava “tirando vantagem” dos Estados Unidos.

Curiosamente, Merz comentou à CNN que durante o primeiro mandato de Trump na Casa Branca, a UE intermediou um acordo que levou ao fim das tarifas seis semanas depois.

O provável futuro chanceler também tem sido um firme apoiador da Ucrânia e prometeu seu apoio contínuo.

“Estamos do lado ucraniano porque o ataque é contra todos nós”, disse ele à CNN, ao mesmo tempo em que pediu que a Alemanha continuasse cumprindo sua promessa da Otan de gastar 2% do PIB em defesa.

Sobre a questão de acabar com a guerra, Merz falou que seria melhor cooperar com os EUA.

Ele estava ansioso, no entanto, para ouvir os planos direto da fonte: “ainda não sabemos o que eles realmente estão planejando fazer. Gostaria de ver o que eles estão planejando fazer”.

Crucialmente para Merz, ele pode não ter que esperar muito mais.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Favorito para chanceler na Alemanha promete política de imigração rígida no site CNN Brasil.

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