Donos de creche se tornam réus por tortura de bebês em Goiânia


Após denúncias, o estabelecimento foi fechado. Crianças eram trancadas em quarto escuro, ficavam sem comida e sofriam beliscões. Donos de berçário são denunciados por maus-tratos e tortura, em Goiás
Os donos de uma creche que funcionava no Setor Faiçalville, em Goiânia, se tornaram réus por torturar bebês e crianças. De acordo com o Ministério Público de Goiás, pelo menos 30 crianças de seis meses a 3 anos de idade foram submetidas a sofrimentos físicos e psicológicos entre os anos de 2023 e 2024 no local.
✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp
Em nota, a defesa dos réus informou que a mãe que denunciou o caso é advogada e atua como patrona de ex-funcionárias do berçário em ações trabalhistas. “A simultaneidade dos fatos sugere a possível existência de um conluio entre ex-funcionárias e a mãe-advogada, o que pode comprometer a credibilidade das acusações e das investigações em andamento”, declarou o advogado Renan Macedo Vilela Gomes.
A mãe, Ingrid Gabriella Lima Barcelos, disse que a atuação nas demandas trabalhistas não tem relação com o crime cometido no berçário.
A creche foi fechada no final de 2024 e o prédio foi vendido. Os novos proprietários informaram que a administração da instituição não tem qualquer vínculo com a gestão anterior e nem com os fatos investigados.
De acordo com relatório da Polícia Civil (PC), crianças que choravam eram trancadas em um quarto escuro, sem ventilação, comida ou água. Elas permaneciam lá por cerca de 1h30 ou até que se calassem ou dormissem, de acordo com o relatado por familiares e ex-funcionárias do local.
Em depoimento à PC, as famílias disseram que as crianças chegavam em casa com fome, sede, assaduras e, em alguns casos, até com hematomas. Ex-funcionárias ouvidas pela polícia afirmaram ainda que as crianças eram chacoalhadas e beliscadas pelos donos de creche e até pelo filho deles.
Sobre o caso
Ingrid Gabriella foi quem fez a denúncia à polícia em 12 de dezembro de 2024. O filho dela, que tem 2 anos, frequenta o berçário desde os seis meses de vida. Ela disse que a família desconfiava que alguma coisa estranha acontecia. “Meu filho chegava muito assado, com muita fome”, relatou.
A mãe conta que soube dos maus-tratos depois que uma ex-funcionária da creche, de quem seu filho gostava muito, disse a ela que estava à procura de emprego.
“Eu questionei sobre o que tinha acontecido. De início, ela ficou com medo, e não quis passar informação. Mas, ela percebeu que podia conversar comigo e abriu o jogo”, relatou Ingrid.
LEIA TAMBÉM:
ENTENDA: Bebês são trancados em quarto escuro sem comida em creche particular de Goiânia, diz polícia
VÍDEO: Menino de 2 anos foge de escola e é encontrado por moradores caminhando por rua
USO VETERINÁRIO: Berçário é interditado após crianças sofrerem queimaduras ao passar desinfetante pelo corpo, diz prefeitura
De acordo com a mãe, a ex-funcionária disse que havia maus-tratos, privação de comida e privação de água.
“No calor, as crianças só bebiam água quente. Eles serviam sopa todo dia na hora do almoço. Na janta, davam sopa batida. Se uma criança estivesse dormindo na hora do almoço ou da janta, ela não comia”, contou a mãe.
As famílias também falaram sobre as más condições de higiene do local. Mamadeiras usadas pelas crianças acumulavam no final de semana e só eram lavadas novamente no início da semana seguinte.
Ingrid disse que foi até ao berçário questionar o que tinha acontecido, mas os donos do local disseram que era tudo mentira e invenção. A partir daí, mães que presenciaram a conversa procuraram Ingrid para saber mais do caso.
A polícia ouviu seis ex-funcionárias e 11 pais e mães de crianças que ficavam na creche. Todos confirmaram a versão de maus-tratos cometidos no local.
Relatório da Polícia Civil, que indicou donos de berçário por maus-tratos, em Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás.
VÍDEOS: últimas notícias de Goiás
Adicionar aos favoritos o Link permanente.