Brumadinho: Fiocruz detecta aumento de metais em urina de crianças

Pesquisadores da Fiocruz Minas e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) concluíram um estudo que indica um aumento da taxa de detecção de metais pesados na urina de crianças de 0 a 6 anos de idade após seis anos da tragédia envolvendo o rompimento de barragem em Brumadinho (MG).

De acordo com o estudo, o percentual total de crianças com níveis de arsênio acima do valor de referência passou de 42%, em 2021, para 57%, em 2023, sendo que, nas regiões próximas a áreas do desastre e de mineração ativa, o percentual de aumento entre um ano e outro é ainda mais significativo.

Dos metais, o arsênio é o que aparece mais frequentemente acima dos limites de referência, detectado, entre os adultos, em cerca de 20% das amostras e, entre os adolescentes, em aproximadamente 9% das amostras. No entanto, nesse público, dependendo da região de moradia, o percentual de amostras com arsênio acima do limite chega a 20,4%.

Segundo a Fiocruz, o estudo visa detectar as mudanças ocorridas nessas condições a médio e longo prazo e, dessa forma, os participantes são acompanhados anualmente, desde 2021. Agora, as análises incluem dados do terceiro ano, 2023, permitindo estabelecer uma comparação entre os períodos.

Em 2021, a amostra foi composta por 3.297 participantes, sendo 217 crianças, 275 adolescentes com idade entre 12 e 17 anos, e 2.805 adultos com mais de 18 anos. Em 2023, foram 2.825 participantes: 130 crianças, 175 adolescentes e 2.520 adultos.

Sobre a pesquisa

Intitulado Programa de Ações Integradas em Saúde de Brumadinho, o estudo é desenvolvido em duas frentes de trabalho: uma com foco na população com idade acima de 12 anos, chamada Saúde Brumadinho, e outra voltada para as crianças de 0 a 6 anos de idade, que recebeu o nome de Projeto Bruminha.

A Fiocruz afirmou que a pesquisa se baseia em diversas fontes de dados, incluindo exames de sangue e/ou urina, feitos por todos os participantes, visando verificar a dosagem de metais no organismo, entrevistas que avaliam uma série de aspectos relacionados à saúde, além de avaliação física e antropométrica.

A Vale informou que ainda irá avaliar, detalhadamente, os resultados do estudo realizado pela Fiocruz, e que já realizou uma extensa investigação nos sedimentos e solos na Bacia do Paraopeba, com intuito de avaliar possíveis impactos por conta do rompimento da Barragem B1 em 2019, em Brumadinho.

Segundo a Vale, os resultados de mais de 400 amostras e 6 mil análises não apresentaram concentrações de elementos potencialmente tóxicos acima dos limites estabelecidos pela legislação.

Em nota, a empresa afirmou que segue empenhada e comprometida com o propósito de reparar os impactos causados às pessoas, às comunidades e ao meio ambiente em Brumadinho.

 

Este conteúdo foi originalmente publicado em Brumadinho: Fiocruz detecta aumento de metais em urina de crianças no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.