Brasileiros deportados dizem que foram agredidos por agentes dos EUA; veja fotos

Uma série de denúncias sobre maus-tratos, agressões e condições insalubres marcou o relato de brasileiros deportados dos Estados Unidos. O grupo de 84 cidadãos desembarcou na noite de sábado (25) no Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, após um voo conturbado que começou nos EUA e fez uma parada emergencial em Manaus.

O voo, que originalmente transportava 88 brasileiros, sofreu um desvio para reabastecimento em Manaus. Quatro passageiros desembarcaram na cidade, enquanto o restante seguiu para Confins em meio a um cenário descrito como caótico. Segundo informações dos passageiros dadas à CNN, a parada revelou falhas técnicas no ar-condicionado da aeronave, o que gerou tumulto a bordo.

O vigilante Jeferson Maia, de Rondônia, descreveu agressões físicas ocorridas ainda em solo manauara. “Eu pedi [para sair], e aí (um agente) me enforcou. Não tinha como manter a calma. Tinha crianças chorando”, relatou. Ele afirmou também que passou cerca de 40 horas sem alimentação adequada e cinco dias sem banho, intensificando a sensação de sofrimento.

Outro passageiro, Matheus Henrique, de 22 anos, revelou a gravidade do tratamento recebido. “Sofremos um pouco de tortura lá dentro (do voo americano). A gente estava todo amarrado, preso: mãos, pés, barriga… Crianças estavam passando mal, desmaiando”, afirmou, destacando que “foi mais difícil voltar do que ir”.

De acordo com os relatos, a situação piorou quando brasileiros que falavam inglês tentaram dialogar com agentes americanos para solicitar a saída da aeronave em Manaus, mas acabaram agredidos. Luiz Fernando, que ficou detido por 40 dias nos EUA antes de ser deportado, contou que um compatriota chegou a receber um golpe de mata-leão e desmaiou. “Nunca vi algo daquele jeito… Meu Deus do céu”, lamentou.

O voo foi cancelado temporariamente após brasileiros acionarem as escadas de emergência durante o tumulto. “Foi a pior coisa que passei na minha vida”, afirmou Aelinton Cândido, de 43 anos, de Divinópolis (MG).

Dificuldades

Além do episódio no voo, os deportados também relataram dificuldades enfrentadas nos EUA durante a detenção. “Até os cachorros do Brasil estavam comendo melhor que a gente lá”, disse Lucas Gabriel, de Betim (MG), de 23 anos, mencionando que a dieta era composta basicamente por pão, água e cereal.

O cenário descrito pelos passageiros evidencia um tratamento que gerou indignação e traumas. Muitos, como Carlos Vinícius, de 29 anos, afirmaram que não pretendem repetir a tentativa de imigrar ilegalmente. “Não faço isso nunca mais”, desabafou.

As denúncias seguem repercutindo, e o caso lança luz sobre as condições enfrentadas por brasileiros em processos de deportação nos Estados Unidos.

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