Após mãe de estudante morto por PM pedir demissão de Derrite, Tarcísio diz que secretário continua no cargo


Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi assassinado na entrada de um hotel na Vila Mariana, na Zona Sul da capital, em novembro do ano passado. Governador Tarcísio de Freitas (Republicanos)
Reprodução/TV Globo
Após a mãe do estudante de medicina morto com tiro à queima-roupa por um policial militar enviar uma carta pedindo a demissão de Guilherme Derrite (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que o secretário da Segurança Pública continua no cargo.
A declaração foi dada nesta segunda-feira (13) durante coletiva de imprensa no Aeroporto Internacional de São Paulo, durante o embarque de estudantes do programa Prontos Pro Mundo para o Reino Unido.
“Não pretendo fazer mudanças por ora. É claro que a gente se sensibiliza com a dor dessa mãe, com a dor do pai. Eu entendo as manifestações que eles têm emitido. São perfeitamente compreensíveis. Acho que no lugar deles eu estaria procedendo da mesma forma. Existe um desejo de ver a Justiça. Eu acho que essa Justiça tem que acontecer e vai acontecer, porque os responsáveis serão apresentados à Justiça, irão a julgamento”, disse Tarcísio.
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O governador ainda afirmou que o caso provoca “reflexão” sobre os procedimentos e a conduta da Polícia Militar, além da efetividade das políticas de segurança pública adotadas no Estado de São Paulo.
Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi assassinado na entrada de um hotel na Vila Mariana, na Zona Sul da capital, em novembro do ano passado. Imagens das câmeras corporais, obtidas pelo TV Globo na última quarta (8), revelaram que o jovem chegou a dizer repetidamente “tira a mão de mim” momentos antes de ser morto pelo policial.
No sábado (11), a médica Silvia Mónica Cárdenas Prado, mãe de Marco Aurélio, enviou uma carta ao governador, condenando a conduta da corporação e pedindo a demissão de Derrite, que é ex-capitão da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA).
Até hoje 53 dias depois do assassinato mais vil e covarde, você ainda continua a defender o indefensável que é manter no cargo ao Secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite e ao Comandante da PM Coronel Cássio Araújo de Freitas, o que não é digno de um homem que tem que governar para todo São Paulo e não só para os aliados políticos, se cada pessoa após celebrar um sucesso desse teria que ser morto, todas as famílias teriam um morto em suas vidas
Treinamento
Durante a coletiva, Tarcísio também afirmou que os policiais militares que vão para rua estão passando por um treinamento — “um programa de reciclagem”, realizado durante o expediente, além da aquisição de mais armas não letais.
“A gente está apresentando cases onde houve abuso, onde procedimentos não foram executados como estão previstos. Para tudo tem procedimento e a gente precisa exigir que os procedimentos sejam rigorosamente cumpridos. Não pode ser diferente”, explicou o governador.
“Nós não vamos tolerar casos de abuso, não vamos compactuar com isso. Então aqueles que estão se excedendo, estão descumprindo aquilo que são procedimentos estabelecidos serão severamente punidos”, completou.
Crise na segurança
Desde o final do ano passado, a segurança pública de São Paulo passa por uma crise em razão dos reiterados casos de abuso de autoridade e letalidade policial.
O número de mortes em decorrência de intervenção policial no estado também cresceu 54% no segundo ano da gestão Tarcísio. Em 2023, foram 542 vítimas — contra 835 no ano passado. Os dados são do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial, do Ministério Público.
Vanessa Priscila dos Santos, mãe da adolescente Victoria Manuelly, de 16 anos, morta por um sargento da Polícia Militar, na Zona Leste de São Paulo.
Reprodução/TV Globo
Na sexta-feira (10), Victoria Manoelly dos Santos, de 16 anos, foi morta pelo policial militar Thiago Guerra em Guaianases, na Zona Leste da capital. O tiro foi disparado após o PM dar uma coronhada no irmão dela durante uma abordagem.
Guerra foi preso em flagrante e teve a prisão convertida pela Justiça em preventiva no sábado (11). Na decisão, o magistrado apontou que “não é a primeira vez que o investigado se envolve em situação dessa natureza”.
A morte de Victoria é mais um caso de violência policial, que expõe a crise na segurança pública.
Para especialistas ouvidas pelo g1, o aumento da letalidade policial ao longo da administração de Tarcísio é fruto da escolha do modelo de segurança ostensivo em detrimento do investigativo, das lideranças políticas que legitimam o uso excessivo da violência e do enfraquecimento dos mecanismos de controle — como o afrouxamento do uso de câmeras corporais. (Leia mais.)
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