Alta da Selic pode trazer aperto às condições de crédito, diz economista da Fiesp à CNN

A taxa Selic, os juros básicos do país, serve de referência para os parâmetros de empréstimos e crédito praticados no mercado a longo prazo. Em entrevista à CNN, o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Igor Rocha, aponta que o setor acompanha de perto esses movimentos, uma vez que é uma área “muito sensível ao crédito”.

Após sinalizações recentes do Banco Central (BC) de que um aumento de juros — atualmente em 10,5% — está à mesa da reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado passou a precificar a potencial alta.

O especialista explica que um possível movimento para cima das taxas impacta ao longo de toda a curva, criando diferentes cenários para o ambiente econômico.

“Se a curva ceder com o aumento da Selic, a gente tem um cenário melhor para o crédito da economia brasileira”, explica Rocha, ao ser questionado sobre o impacto da alta das taxas na indústria.

“Mas se a Selic subir e mesmo assim a curva de juros se deslocar para cima, ou seja, tanto a ponta curta quanto a ponta longa aumentarem, aí você tem um cenário de recrudescimento das condições de crédito”, conclui.

 

Rocha explica que o sistema financeiro “não empresta Selic”, ou seja, não trabalha com juros fixados na taxa do BC, mas usa as expectativas ao seu redor como parâmetro para seus empréstimos.

O mercado então precifica o prêmio de risco na curva de juros baseado na avaliação do cenário lá na frente e vê o quanto vai cobrar de juros.

Divulgado na manhã desta terça-feira (27), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de agosto, usado como a prévia da inflação, desacelerou a 0,19%, tirando a pressão sobre os juros. Para Rocha, o resultado é benigno, mas não deve impedir o BC de aumentar os juros.

O economista-chefe da Fiesp está entre os que avalia que o BC pode aumentar a Selic já na próxima reunião, que será realizada entre os dias 18 e 19 de setembro.

Como justificativa para o movimento, Rocha aponta o atual processo de mudança de comando na presidência da autoridade monetária, com a saída de Roberto Campos Neto e a indicação de um novo nome pelo governo federal.

“Transição de Banco Central, quando a gente pega historicamente, é sempre um momento delicado para o mercado. Os ânimos ficam mais acirrados. Então, acredito que pode aumentar 0,25 ponto na reunião de setembro, não por questões estritamente associadas à inflação, mas sim por ancoragem das expectativas por conta da transição”, explica.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Alta da Selic pode trazer aperto às condições de crédito, diz economista da Fiesp à CNN no site CNN Brasil.

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