Maior desafio foi não deixar filme com viés técnico, diz diretor de documentário sobre Paulo Guedes

“A ideia nasceu em 2019, com base na percepção de que pela primeira vez na história do Brasil um grupo grande de liberais estava recebendo espaço político no governo”, conta à CNN Paulo Moura, diretor do filme “Caminho da Prosperidade”, que retrata a passagem de Paulo Guedes pelo Ministério da Economia do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Na opinião de Moura, nenhum governo anterior tinha dado “tanto espaço e poder para liberais implementarem políticas liberais na economia. Eu deduzi então que isso era algo digno de registro”.

A princípio, o projeto se chamaria Chicago Olds, em referência aos “Chicago Boys”, o grupo de jovens economistas chilenos que formularam a política econômica da ditadura de Augusto Pinochet, e de quem Guedes era próximo durante suas passagens por Chicago e Santiago.

Moura conta que a ideia era mostrar a implementação das reformas econômicas no primeiro ano do governo Bolsonaro e depois divulgar o filme para ajudar a fazer prosperar as ideias de Guedes nos anos que seguissem o mandato. Segundo o diretor, a pandemia e ruídos políticos atrapalharam o andamento do projeto.

Adiado e remodelado, o novo enfoque seria o impacto e legado do “caminho da prosperidade”, o programa econômico formulado por Guedes e outros técnicos na pré-campanha eleitoral de Jair Bolsonaro.

À época, quando questionado sobre seus planos para a economia, o ex-presidente e então candidato dizia não entender do assunto, mas que Paulo Guedes, seu “posto Ipiranga”, tinha um plano.

O cerne desse plano: diminuir o tamanho do Estado na economia brasileira.

“Quando o governo acabou e ele se desincumbiu das suas funções de ministro, nós o procuramos novamente e partirmos para uma nova tentativa de captação de patrocínio”, relata o diretor.

“O desafio foi como não fazer um filme que, em boa parte é sobre realizações de conteúdo técnico, não ficasse chato”, pontua o diretor, que exalta ao dizer que pela recepção vista até o momento, a missão foi cumprida.

Segundo o diretor, o segredo por trás do fluxo do filme está nas 31 entrevistas com técnicos, indicados como pessoas importantes por Guedes, e com o próprio ex-ministro.

“Tive todo um trabalho preparatório de elaboração das perguntas. Há muitos relatos de números, de resultados produzidos. Os relatos do período de enfrentamento da pandemia”, conta Moura.

“Essa parte introduz momentos de emoção na tela. Isso foi permitindo quebrar a chatice da narrativa.”

O filme foi lançado em Nova York, no dia 14 de maio, como parte da programação da Brazil Week, um evento da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

O documentário ainda não está disponível para o público. Segundo Moura, o objetivo é estimular as pessoas a quererem exibir o filme nas suas cidades.

“Estamos com uma campanha para captar interessados em exibir o filme em suas cidades. As pessoas interessadas entram em contato conosco e nós disponibilizamos o filme através de uma plataforma de internet. Assim, as pessoas vão conectar um computador em um projetor e rodar o filme numa sala de exibição”, conta o diretor.

“A ideia é gerar um movimento de adesão às ideias do ‘Caminho da Prosperidade’. Queremos mostrar como essas ideias são adaptáveis para as cidades, estados ou até para o país em outra oportunidade.”

O diretor diz que há mais de 70 interessados em promover a exibição do filme, em capitais como São Paulo, Goiânia, Florianópolis, Salvador, Fortaleza, além de dezenas de cidades do interior, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Ele afirma que também conversa com plataformas de streaming para disponibilizar o filme.

Ao topar a entrevista para o documentário, Moura conta que Guedes sempre foi “muito cuidadoso”.

“É inevitável que o filme termine defendendo a figura dele, mas uma das coisas que ele mais me pediu foi que o filme não fosse de enaltecimento da pessoa dele, mas sim do conjunto de políticas econômicas”, relata o diretor à CNN.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Maior desafio foi não deixar filme com viés técnico, diz diretor de documentário sobre Paulo Guedes no site CNN Brasil.

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