Um estudo lançado recentemente pela revista científica Exploratory Research and Hypothesis in Medicine afirma que o beijo pode servir como via de transmissão indireta de sintomas ligados a doenças mentais como depressão, ansiedade e distúrbios do sono.
O iraniano Reza Rastmanesh, membro da American Physical Society, fez uma pesquisa onde observou 1.740 casais atendidos por clínicas particulares em Teerã. A análise partiu de uma comparação entre dois grupos, casais em que apenas um dos parceiros sofria de transtornos mentais e casais saudáveis, sem histórico dessas condições.



Amostras foram coletadas e examinadas por meio de técnicas de sequenciamento avançado de DNA, permitindo identificar não apenas a presença de hormônios do estresse, como o cortisol, mas também alterações na composição da microbiota bucal. “A transmissão da microbiota oral entre indivíduos em contato próximo media parcialmente os sintomas de depressão e ansiedade”, descreve um trecho da publicação.
Segundo os resultados, o beijo e o contato próximo entre casais teriam favorecido a transferência de certas famílias bacterianas associadas a distúrbios mentais, como Clostridia, Veillonella, Bacillus e Lachnospiraceae, para o parceiro até então saudável. Após seis meses de convivência, esses microrganismos passaram a ser identificados com mais frequência nos parceiros que não apresentavam inicialmente qualquer quadro clínico.
Além da mudança no ecossistema bucal, os pesquisadores também observaram um aumento nos níveis de cortisol entre os parceiros saudáveis. Embora os níveis hormonais não tenham atingido os mesmos patamares dos cônjuges com transtornos, a elevação indicou que o sistema de resposta ao estresse estava sendo ativado gradualmente.
Tratamento
Outro dado relevante apontado pelo estudo é que as mulheres mostraram-se mais vulneráveis a essas alterações, tanto biológicas quanto emocionais. Desse modo, após sua descoberta, Reza Rastmanesh propõe uma mudança no modelo tradicional de abordagem terapêutica. “Os pacientes com essas doenças de saúde mental não deveriam ser tratados individualmente, mas de maneira relacionada a um tratamento com seu parceiro”, sugere o autor.