Moda circular: uma tendência que resgata o ‘feito à mão’ e dá voz ao empreendedorismo em Alagoas

Em Maceió, estratégias unem preocupação ambiental e abrem portas para o empreendedorismo no mundo da moda. Empreendedora fala sobre moda circular em Maceió
Tudo tem um destino, mas nem sempre as milhares de roupas produzidas por ano tem um destino ecologicamente correto. É nesse cenário que surge a moda circular, um movimento que une preocupação socioambiental e consumo consciente. As pessoas que buscam essas peças priorizam qualidade, durabilidade e produções que respeitem o meio ambiente.
No mundo da moda, essa preocupação com os impactos ambientais faz da sustentabilidade uma tendência em crescimento. A moda circular privilegia a sustentabilidade, economia circular e visa a redução do desperdício de materiais, poluição e resíduos tóxicos, além de estimular o aumento do tempo de uso de produtos e materiais.
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A indústria têxtil é a segunda mais poluente do mundo, ficando atrás somente da de petróleo. Isso significa que as milhares de peças produzidas e descartadas irregularmente por ano causam um sério risco ao meio ambiente. Segundo dados do relatório Fios da Moda, produzido pelo Instituto Modefica e FGV, só no Brasil, são produzidas quase 9 bilhões de novas peças por ano.
Ainda de acordo com o relatório, a confecção das roupas, ou seja, corte e costura, é a etapa responsável por 25% das perdas de tecidos como algodão, poliéster e viscose. No mundo, são quinze milhões de restos de tecido e peças de roupa quem chegam em Acra, capital de Gana, por semana, vindas da Europa, Ásia e Oriente Médio.
É em meio a tanta poluição e preocupação com um futuro mais sustentável que surgem estratégias para driblar o desgaste ambiental, como os brechós e o slow fashion, como explica Penélope Soares, artista e dona de um brechó em Maceió. (linkar outra matéria aqui).
“É sobre ressignificar o uso da peça, principalmente pensando consciente. É a lei da vida: as pessoas nascem, crescem, reproduzem e morre, mas o lixo continua, independente se você está vivo ou não. Então, para quem está vivo faz mais sentido você reverberar essas peças e não acumular o lixo”, diz a empreendedora.
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), esse movimento fortalece a economia local e, além dos benefícios para o meio ambiente, também existem pontos positivos para quem empreende, como:
Economia nos recursos;
Melhoria da imagem da marca;
Parcerias no comércio local;
Networking.
🪡 Slow fashion x fast fashion: as tendências para a moda circular
A indústria da moda tem duas principais correntes de produção. O fast fashion é o tipo de produção que prioriza quantidade e baixo custo de mão de obra. Na contramão, o slow fashion, no literal ‘moda lenta’, muda a relação entre consumidor e produtor, fazendo com que os produtos ofertados sejam mais duráveis e com maior qualidade, evitando o desperdício e o consumo desenfreado.
São características do slow fashion:
Conectar produtores e consumidores;
Minimalismo na produção;
Peças mais versáteis;
Tecidos mais sustentáveis;
Descarte correto de resíduos
Surge, então, a chance de valorizar a moda local, dar vida a peças esquecidas no armário e abrir portas para pequenos empreendedores inovarem no mundo fashion. Contrariando a grande indústria, a moda circular se baseia em comprar roupas de segunda mão, reciclar e reutilizar peças e valorizar a produção artesanal.
Em Maceió, capital alagoana, os brechós e o crochê são algumas das tendências para o aumento de uma moda sustentável e não há como negar que as redes sociais exercem um papel importante na divulgação e crescimento das compras de segunda mão.
“A moda é cíclica. Então tudo que já existiu está voltando e nas redes sociais, por exemplo, tem muito essa coisa do vintage, de trazer de volta uma qualidade e isso faz com que você traga peças antigas com uma qualidade antiga, principalmente, que é onde tinha o maior número de qualidade, com uma cara nova, sabe? repaginada”, fala Penélope.
Na mesma linha, o crochê aparece na cena valorizando o artesanato e sendo mais uma alternativa para a moda circular no slow fashion.
Peças de crochê conquistam espaço em Alagoas
“O crochê ensina paciência, respeito pelo tempo e valor pelo processo. Ele nos lembra que cada peça tem uma história, um tempo de construção e uma alma por trás. O feito a mão resgata o afeto e confronta a velocidade do fast fashion, propondo um consumo mais slow fashion, consciente e afetivo”, diz Brenda Almeida, dona de uma marca de roupas de crochê em Alagoas.
Para Brenda, Alagoas tem uma riqueza cultural enorme e um público que valoriza o feito à mão. Lojas e marcas locais que incentivam o slow fashion é uma oportunidade de mostrar que o artesanato pode ser inovador, moderno e cheio de estilo.
“Também é de extrema importância lembrar ao público sobre slow fashion para o crescimento e fortalecimento em marcas locais para criar uma rede de apoio entre os criadores”, conta.
♻️🛍️Caminhos para uma moda sustentável e circular
Além das compras em brechós ou em lojas que apoiem o slow fashion, é importante ressaltar que existem caminhos alternativos para o descarte de peças que não se encaixam mais no guarda roupa. Entretanto, estima-se que apenas 1% de todas as roupas sejam recicladas novamente em roupas.
Confira formas para reaproveitar as peças:
Doação;
Reciclagem, onde há a redução do consumo e peças se transformam em itens novos;
Venda;
Trocar com amigos e conhecidos.
*Sob supervisão de Michelle Farias.
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