Sebastião Salgado morreu, nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, segundo confirmou o Instituto Terra, ONG criada por ele e sua esposa, Lélia Wanick Salgado. O fotógrafo sofria de um distúrbio sanguíneo ligado à malária, doença contraída durante trabalhos na Indonésia.
Em 2024, ele já havia anunciado sua aposentadoria do campo, dizendo que sentia os efeitos de décadas enfrentando “ambientes hostis e desafiadores”. O Instituto Terra lamentou a morte com uma homenagem emocionante: “Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.”





Projetos do fotógrafo atravessaram mais de 120 países
Nascido em Aimorés (MG), em 1944, Salgado começou sua trajetória como economista, mas descobriu a fotografia nos anos 1970 e nunca mais deixou de capturar a alma humana e o planeta em preto e branco.
Os projetos fotográficos de Sebastião atravessaram mais de 120 países, com destaque para séries marcantes como “Trabalhadores”, “Êxodos” e os registros impactantes da Serra Pelada, nos anos 1980. Uma das imagens dessa última série foi escolhida pelo The New York Times como uma das 25 fotos mais marcantes da modernidade. “Vi passar diante de mim, em frações de segundo, a história do humano, da humanidade”, disse sobre a experiência na Serra Pelada.
Em 1998, ao lado da esposa, fundou o Instituto Terra, voltado para o reflorestamento da Mata Atlântica. O projeto se tornou um símbolo da ligação de Salgado com a natureza e a restauração do planeta.
Ao longo da vida, foi homenageado por diversas instituições: recebeu a Ordem do Rio Branco, foi membro da Academia de Belas Artes da França, Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e membro honorário da Academy of Arts and Science dos EUA.
“A fotografia é o espelho da sociedade”, disse certa vez ao ser premiado em Londres. Na reta final da vida, Salgado já mostrava consciência de seu ciclo: “Sei que não viverei muito mais. Mas não quero viver muito mais. Já vivi tanto e vi tantas coisas”, declarou em 2024 ao jornal Guardian.