Depois de mais de 50 anos vagando silenciosamente pela órbita terrestre, um fragmento da história espacial soviética pode estar prestes a fazer um retorno nada glorioso, e potencialmente perigoso. O módulo Kosmos 482, uma espaçonave de cerca de 500 quilos lançada em 1972 com a missão de explorar Vênus, está em rota de reentrada na atmosfera da Terra, segundo monitoramento de diversas agências espaciais internacionais.
O equipamento, que nunca chegou ao seu destino devido a uma falha nos motores, ficou preso na órbita da Terra, e desde então vem perdendo altitude gradativamente. Agora, especialistas apontam que sua queda pode ocorrer nas próximas horas, em uma extensa faixa geográfica que vai dos 52° de latitude norte aos 52° sul, o que inclui o Brasil.


Nos últimos dias, vídeos circulando nas redes sociais aumentaram a tensão, sugerindo que o estado do Amapá poderia estar na rota da queda. A hipótese viralizou e, embora não haja confirmação, gerou especulações suficientes para que autoridades reforçassem os alertas. A Agência Espacial Europeia (ESA) estimou que o Kosmos 482 pode reentrar na atmosfera por volta das 3h26 da madrugada deste sábado (10), com uma margem de erro de até 4 horas e 30 minutos para mais ou para menos.
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O astrônomo Marco Langbroek, dos Países Baixos, calcula que a reentrada ocorrerá por volta das 4h34, com variação de até 10,5 horas. Já o francês Joseph Remis oferece uma previsão semelhante: “O impacto pode acontecer às 6h02, com margem de ±8 horas”, afirmou, reconhecendo a dificuldade de precisão diante da complexidade das variáveis envolvidas.
O astrônomo brasileiro Marcelo Zurita também acompanha de perto o evento e destaca que, apesar das incertezas iniciais, as projeções tendem a se tornar mais confiáveis à medida que a hora da queda se aproxima. “Nas três a cinco horas que antecedem a reentrada, os erros nas previsões diminuem significativamente, chegando a poucos minutos de diferença”, explica Zurita.