EUA e a China vivem hoje uma ‘Guerra Fria 2.0’, diz ex-presidente do Banco dos Brics

Debate promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil discute a nova geopolítica e seus impactos nos mercados internacionais. Os Estados Unidos e a China vivem hoje uma “Guerra Fria 2.0”, disse Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco dos Brics, nesta terça-feira (6), durante um evento promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Estadão.
O debate, chamado “Cenário Geopolítico e a Agricultura Tropical”, discute a nova geopolítica e seus impactos nos mercados internacionais, além de oportunidades e desafios para o agro brasileiro nesse novo cenário de guerra comercial.
No início do mês, o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs uma série de tarifas de importação para seus parceiros comerciais, com taxas maiores para os chineses.
Para Troyjo, ainda que EUA e China estejam passando por uma “Guerra Fria 2.0”, o Brasil deve passar ileso pelas medidas, uma vez que boa parte dos produtos exportados pelo país estão de fora do tarifaço.
“A economia mundial está mais perigosa, mas não para o Brasil”, disse.
Para João Martins, presidente da CNA, ainda é incerto o que acontecerá em relação ao Brasil em meio às tarifas de Trump. Mas o cenário é uma oportunidade, que o país precisa saber aproveitar, afirmou.
O pesquisador do Carnegie Endowment e Harvard, Oliver Stuenkel, avalia que na briga entre China e EUA, os chineses podem resistir por mais tempo.
Isso porque o país já estava preparado emocionalmente e economicamente para uma briga com os EUA.
Além disso, os republicanos, do partido de Trump, já enfrentam descontentamento da população e temem as eleições no próximo ano.
“Os americanos não acreditam no argumento de Trump de que precisam sofrer um pouco para chegar a um momento melhor”, disse Stuenkel.
Lei da Reciprocidade
A senadora Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura entre 2019 e 2022, comentou que a Lei da Reciprocidade Econômica não deve ser aplicada de imediato contra os Estados Unidos.
A lei brasileira, aprovada em abril deste ano, autoriza o Brasil a adotar medidas de retaliação comercial contra países que impuserem sanções unilaterais ao país, como as taxas de importação anunciadas por Trump.
Para a senadora, caso o presidente dos EUA continue impondo tarifas ao Brasil, a lei poderá ser usada: “Vai depender do juízo de Trump”, disse.
A ex-ministra da Agricultura acredita ainda que a guerra tarifária entre Estados Unidos e China pode incentivar a conclusão do acordo de comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
O tratado entre os dois blocos foi anunciado oficialmente no final de 2024, mas a assinatura só acontece depois que os textos passarem por uma revisão jurídica e de serem traduzidos para os idiomas oficiais dos países envolvidos.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.