Um ex-cobrador de ônibus, visivelmente abalado emocionalmente, transformou a região de Itaquera num verdadeiro cenário de terror. O homem manteve um motorista como refém por cerca de três horas, com uma faca de 40 cm em mãos, dentro de um coletivo da linha 407L-10, nas imediações da estação Corinthians-Itaquera do Metrô.
A situação começou logo cedo, quando o ex-funcionário da empresa de transporte embarcou como passageiro e, de repente, rendeu o condutor, um senhor estrangeiro de cerca de 60 anos, obrigando-o a mudar a rota e atravessar o ônibus no meio da rua, bloqueando completamente a via.

Segundo relatos do comandante interino do GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais), Renato Marques Pavão, a vítima estava visivelmente abalada. “Ele estava muito nervoso, com a faca bem próxima. Era uma faca grande, pesada. A pressão dele subiu tanto que precisou ser levado pro hospital”, contou Pavão.
Durante a negociação, que durou quase duas horas, o sequestrador fez diversas exigências. Queria visibilidade para seu ato, exigiu a presença de um advogado e demonstrou um misto de desespero e arrependimento. Um advogado de uma faculdade próxima chegou a ser chamado para ajudar nas tratativas.
Aos policiais, ele revelou estar vivendo um colapso emocional, foi demitido há dois meses, passou por um término amoroso complicado e ainda enfrenta dificuldades financeiras. “Ele não conhecia a vítima, escolheu o ônibus aleatoriamente, mas sabia qual linha e cor queria abordar. Queria ser ouvido. Não tinha antecedentes criminais, mas claramente estava em crise”, explicou o comandante do GATE.
Se entregou
Durante a negociação, o tom do sequestrador oscilava entre pedidos de ajuda e ameaças implícitas. “Não quero morrer, só quero sair vivo disso.” O momento decisivo veio quando um fiscal da antiga empresa onde ele trabalhou apareceu no local e conseguiu estabelecer um laço emocional com o ex-cobrador, que acabou se rendendo sem oferecer resistência.
Rodrigo Marques de Oliveira, gerente da empresa de ônibus, participou de uma coletiva após o fim do caso. Visivelmente abalado, disse: “Nunca passamos por algo assim. É devastador. Ele trabalhou conosco por quatro anos. É muito triste.”
A PM, a SPTrans e a Secretaria de Mobilidade Urbana repudiaram o ato e reforçaram que os serviços de emergência atuaram em conjunto para garantir que tudo terminasse sem feridos. A CET precisou bloquear toda a rua Dr. Luís Aires, próximo ao Terminal Itaquera, até o fim da operação.