O conclave é o processo eleitoral secreto para eleger um novo papa, um evento que começa de forma discreta semanas, meses ou até anos antes da morte ou renúncia do pontífice. Durante esse processo, todos os cardeais, sejam eles candidatos ou não, são submetidos a uma atividade imprevisível que torna essa eleição uma das mais misteriosas do mundo.
O arcebispo Piero Marini, mestre de cerimônias do conclave de 2005, datou o início da campanha pré-eleitoral de 2013, após a renúncia do papa Bento XVI. Nessa época, os cardeais começaram a se reunir discretamente, trocando ideias sobre a escolha do novo papa.
O teólogo Massimo Faggioli afirmou que o cardeal Angelo Scola, de Milão, já estava se preparando para a eleição por anos. Ele criou a fundação Oasis, uma rede de diálogo cristão-muçulmano, para aumentar suas credenciais internacionais.
Conheça a estratégia dos cardeais
Embora os cardeais geralmente neguem fazer campanha, muitos adotam estratégias discretas para conquistar votos. Eles participam de sínodos, reuniões do Vaticano, visitam colegas, fazem palestras e publicam textos para se mostrar capazes e preparados. Além disso, os chamados “grandes eleitores” surgem para promover candidatos durante as congregações gerais, reuniões informais onde os cardeais discutem o futuro da Igreja.
No conclave de 1978, após a morte repentina do papa João Paulo I, os cardeais se dividiram em blocos de apoio. O cardeal Franz Koenig, de Viena, teve um papel importante, reunindo os cardeais de língua alemã e os cardeais dos EUA para apoiar Karol Wojtyla, de Cracóvia, que se tornaria o papa João Paulo II.
Durante o conclave de 2005, Joseph Ratzinger e Jorge Bergoglio disputaram o papado. No início da votação, Ratzinger obteve 47 votos, enquanto Bergoglio recebeu apenas 10. No entanto, durante as rodadas seguintes, os apoios começaram a mudar, com Bergoglio ganhando força, especialmente de cardeais moderados. No final, Ratzinger foi eleito papa com 84 votos, enquanto Bergoglio ficou com 26 votos, um sinal de que alguns de seus apoiadores mudaram de opinião.
Entre os muitos ditados romanos sobre papas, um famoso diz: “Aquele que entra em um conclave como papa sai como cardeal”. No entanto, nem sempre isso acontece. Em 1939, o cardeal Eugenio Pacelli entrou no conclave como o favorito e, após uma disputa apertada, foi eleito o papa Pio XII.
