Cortella: Papa não é só representante religioso, é também político

Com a morte do papa Francisco e as expectativas para o conclave, o perfil do futuro pontífice envolve as discussões sobre a Igreja. O filósofo e cientista da religião Mário Sérgio Cortella lembra que o papa não é apenas um representante religioso. “O papado, desde séculos, tem presença política”.

Ao CNN Entrevistas, Cortella reforça que o perfil do próximo Santo Padre é importante para a sociedade.

“Do ponto de vista da religião, nenhum de nós tem nada a ver com isso. Do ponto de vista da presença humana, da interferência na questão da paz, na questão da ecologia, aí sim nos importa. Ser um papa que seja mais aberto para o mundo, mais voltado para questões sociais, mais preocupado com a temática da imigração, no meu caso, importa bastante que assim seja”, afirmou.

O filósofo ainda acredita que um papa enfraquecido é danoso e cita dois exemplos antagônicos.

“João Paulo II foi decisivo para a demolição de algumas das estruturas de apoio da antiga União Soviética. O fato dele ter vivido na Polônia, ter sido bispo em Cracóvia e ter enfrentado o autoritarismo soviético naquele momento foi muito decisivo.”

Por outro lado, Cortella lembra outra postura papal. “Quantas acusações em relação a Pio XII durante a Segunda Guerra Mundial, que ele teria se omitido em relação, por exemplo, a massacre de pessoas que eram ciganas e homossexuais”.

Sobre o processo da escolha de um novo papa, o filósofo garante que ninguém chega ao conclave desinformado.

“Hoje nós temos uma novidade, o mundo digital. Antes alguns cardeais só se encontravam num conclave. Hoje também existe isso, muitos não se conhecem pessoalmente, mas hoje você dialoga, conversa, manda mensagem, faz todo um movimento”.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Cortella: Papa não é só representante religioso, é também político no site CNN Brasil.

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