
JULIEN DE ROSA
O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, revelou, nesta terça-feira (22), um amplo projeto de reorganização do Departamento de Estado, que inclui a eliminação de alguns postos encarregados de supervisionar os direitos humanos e os crimes de guerra no mundo.
Há tempos, o aparato diplomático americano está na mira dos conservadores, que querem forjar um governo menos centrado em promover valores considerados progressistas.
“Em seu formato atual, o Departamento está sobrecarregado, (é) burocrático e incapaz de cumprir sua missão diplomática essencial nesta nova era de concorrência entre grandes potências”, declarou Rubio em um comunicado, referindo-se à rivalidade entre Estados Unidos e China.
“A burocracia crescente criou um sistema mais comprometido com a ideologia política radical do que com a promoção dos interesses nacionais fundamentais dos Estados Unidos”, alegou, em alusão às críticas da direita à democracia americana e à promoção dos direitos humanos.
A reorganização anunciada nesta terça-feira prevê a supressão de uma divisão encarregada de defender a “segurança dos civis, a democracia e os direitos humanos”.
Será substituída por um novo escritório de “coordenação para a ajuda externa e os assuntos humanitários” e absorverá o que resta da USAID, que foi a maior agência humanitária do mundo e foi reduzida a uma expressão mínima desde que Trump voltou à Casa Branca, em janeiro.
Em um dos escritórios, elimina-se a referência à proteção do direito trabalhista no mundo, sendo substituída pela defesa à “liberdade religiosa”.
Com a reestruturação também será suprimido o Escritório de Crimes de Guerra e o de conflitos e operações de estabilização que, entre outras coisas, tentava evitar atrocidades no exterior.
Rubio compartilhou pela rede social X um artigo no qual afirmou que o Departamento de Estado reduzirá o número de escritórios de 734 para 602. Os vice-secretários devem apresentar planos no prazo de 30 dias para reduzir o pessoal em 15%.
Consultado sobre os números, um alto funcionário do Departamento de Estado disse, sob a condição do anonimato, que lhe pareciam “corretos”, mas que alguns cargos poderão ser eliminados sem demitir ninguém.
Segundo esta fonte, o Departamento de Estado se reunirá com o Congresso e seus funcionários no próximo mês para concluir o plano de reestruturação. “Não haverá histórias, nem imagens de gente tirando seus pertences do edifício hoje”, disse a jornalistas.