
Mostra de um dos maiores representantes do modernismo ficará aberta para visitação até o dia 27 de abril. Obra de Cícero Dias está em exposição em São Paulo
A obra de um dos artistas mais importantes do modernismo brasileiro está em exposição em São Paulo. Entre dezenas de trabalhos do pintor Cícero Dias, o visitante terá a chance de conhecer uma preciosidade que passou um século longe do Brasil: uma Aquarela.
De um colecionador francês, a obra passou para as mãos de brasileiros e acaba de chegar em casa. Seria quase um retrato de um cabaré dos anos 20, no sobe e desce do garçom e da atendente e no movimento dos clientes, mas nada explica o mar e a presença de uma freira cercada pelos homens.
“Mexe muito com o nosso imaginário e ele soube retratar isso, porque a gente não é só pão pão, queijo queijo. A gente tem aquele… e acho que isso encanta nele”, afirma Martine Boyriven, que é aposentada.
Cícero Dias nasceu no no interior de Pernambuco em 1907
Jornal Nacional
As telas de Cícero Dias são como um fragmento de sonho ou de memória. Trazem uma pincelada do real, seguida de outra carregada de fantasia.
“Eu acredito que ele achava que a memória é uma coisa muito pessoal, mas ao mesmo tempo universal, isso está presente na obra dele o tempo inteiro e eu quis mostrar isso aqui na exposição”, afirma a curadora Denise Mattar.
As cenas da memória contam a história de um artista que nasceu no começo do século passado, no interior de Pernambuco.
Aos 20 anos, Cícero já teve o talento reconhecido no Rio de Janeiro. Aos 30, foi morar em Paris, onde fez sucesso nas galerias. Lá, ele viveu por 65 anos e ficou amigo de grandes mestres como Pablo Picasso.
Cícero Dias só voltava ao Brasil a convite, para pintar, mas por onde andou levou com ele o seu país.
As cores da infância no engenho em Pernambuco. O barulho do Rio de Janeiro. A chegada à vanguarda da arte na Europa. O abstrato dos anos da 2ª Guerra Mundial. A paz da maturidade.
Na exposição de 42 obras de instituições e coleções particulares, no centro de São Paulo até 27 de abril, é possível assistir ao percurso de um dos maiores representantes do modernismo.
“O Brasil está em tudo. Mesmo na obra abstrata do Cícero, você tem um substrato de cor muito tropical. Não é uma obra concreta comum, é uma obra que tem uma leveza, tem uma cor, tem um calor bem brasileiro”, reforça Denise.
Se “O Pássaro”, de 1940, é um flagrante da exuberância desse território, a obra que retrata o engenho de cana-de-açúcar conta a história de um povo, com a cultura em miniatura encenada em cada cômodo. Ilustração que foi capa de diversas edições do livro “Casa-Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, outro grande amigo de Cícero Dias.
Artista desde que se conhece por gente, Cícero é brasileiro desde que se reconheceu artista.
“As cores, os personagens, as formas, remetem muito à nossa essência. Vale muito a pena conhecer. Vale muito a pena o passeio”, afirma a estudante Ana Maria Jocoski.
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