Falcão-peregrino que saiu dos EUA e viajou mais de 7,3 mil quilômetros é encontrado ferido por produtor rural no PR; origem da ave foi descoberta por anilha


Da cidade de partida da ave, até a localidade onde foi encontrada em Nova Santa Rosa, no interior do Paraná, são cerca de 7,3 mil quilômetros. Falcã-peregrinho saiu dos EUA e viajou mais de 7,3 mil quilômetros até ser encontrado ferido no PR
Reprodução RPC
O produtor rural Marcelo Leonhart de Nova Santa Rosa, no oeste do Paraná, encontrou um falcão-peregrino ferido na asa na propriedade rural onde cria peixes.
Ao resgatá-lo, a origem do animal chamou a atenção: ele veio de Ocean City, cidade que fica no estado de Maryland, Estados Unidos. A localização foi descoberta por meio uma anilha de identificação que estava presa à ave.
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A anilha é um pequeno anel de metal com numeração usado para marcar individualmente aves para facilitar o rastreamento ao longo do tempo. O procedimento costuma ser feito por biólogos ou pesquisadores, em parceria com órgãos de conservação, para monitorar a vida selvagem.
Da cidade de partida da ave até a localidade onde foi encontrada, são cerca de 7,3 mil quilômetrosem linha reta. Segundo especialistas, a espécie viaja contornando as planícies e montanhas, por isso é possível que ele tenha voado mais de 10 mil quilômetros até chegar ao Paraná.
“Me aproximei e a ave estava no chão, parei, para ver se ia voar, mas ele não voou e vi que estava com a asa mais abatida, caída, quando cheguei perto, ele se jogou na água. Ai resgatei ele, com um bambu o tirei de volta e ele ficou paradinho, tranquilo, não parecia selvagem”, contou o agricultor.
Falcão peregrino é resgatado por produtor rural no oeste do estado
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Resgate e rastreamento
Foi graças a atitude do produtor rural que a história teve desfecho, que serve de exemplo, no que diz respeito a conservação da fauna. Isso porque, ao ver que a ave estava ferida e com a identificação, ele a acolheu e acionou um policial e familiares que trabalham na área ambiental.
Na sequência, ele foi orientado a acionar o Instituto Água e Terra (IAT), órgão ambiental paranaense. A partir do contato, o falcão-peregrino foi acolhido e levado ao Hospital Veterinário do campus de Palotina, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Foi no hospital que a equipe do médico veterinário e professor da UFPR, Anderson Luiz de Carvalho, descobriu a origem da ave.
“Essa anilha dele estava escrita lá, Estados Unidos e tinha uma sequência numérica, eram oito números. Então nós fomos no sistema de registro de anilhamento dos EUA e digitamos esses dados da anilha e os locais onde ele foi encontrado, as coordenadas geográficas e encaminhamos um e-mail com fotos do animal e já recebemos retorno”, relembrou Carvalho.
Em contato com a instituição ambiental norte-americana, eles souberam que a ave, um macho, tem aproximadamente quatro anos e recebeu a anilha em 10 de abril de 2021, ainda no ninho.
Considerada a ave mais rápido do mundo, o que ajuda a compreender a longa viagem do pássaro, segundo o profissional, é a nutrição dele.
“Essa ave veio dos EUA porque lá está no inverno e eles (falcões-peregrinos) vêm para cá para se alimentar de pombos, esse animal ajuda muito a controlar os pombos nas nossas cidades, só que vai chegando meados de abril, esse animal já tem tendência de ir de volta aos EUA porque lá vai ter bastante alimentação para ele”, explicou o veterinário.
Gavião-peregrino pode voltar à natureza?
Falcã-peregrinho saiu dos EUA e viajou mais de 7,3 mil quilômetros até ser encontrado ferido no PR
Reprodução RPC
O principal foco da equipe tem sido a saúde do animal. Segundo Anderson, o gavião chegou ao hospital veterinário bastante magro, com muitos parasitas, além do ferimento grave em uma das asas, que levou a ave a passar por uma cirurgia de cerca de uma hora e meia.
Por ser uma ave rara de se trabalhar no Brasil, já que a subespécie dele é natural do Canadá e costa oeste dos EUA, o veterinário contou que a cirurgia, considerada delicada, necessitou de grande preparo e planejamento da equipe para estudar técnica correta a ser aplicada na ave.
A cirurgia foi um sucesso e o falcão-peregrino permanece no hospital veterin[ario sob os cuidados dos profissionais. Ele tem recebido remédios, alimentação e sessões de fisioterapia para recuperara os movimentos da asa machucada.
A expectativa é que o animal passe cerca de um mês no hospital e que depois sejam feitas tentativas de reinseri-lo na natureza. O desejo de que a ave volte a ser livre também é compartilhado pelo produtor rural Marcelo, que brincou sobre a possibilidade de reencontrar o falcão-peregrinho “voando por aí”.
“É gratificante e tomara que ela tenha o destino correto, que consiga voltar a natureza e possa voltar para casa, porque pesquisei e sei que ela pode retornar, tem tendência de voltar sempre para o mesmo local que ela vem. Talvez um dia eu a veja de novo voando por aí”, disse sorrindo o morador.
Caso o animal não esteja em condições de voltar a natureza, ele deverá ser acolhido por instituições que trabalham com a conservação de aves no Paraná.
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