Putin faz discurso para soldados da linha de frente durante visita a Kursk

O presidente russo, Vladimir Putin, fez uma visita surpresa à região de Kursk na quarta-feira (12), enquanto o Kremlin considera uma proposta dos EUA para um cessar-fogo de 30 dias.

Em uma transmissão da televisão estatal russa, Putin, vestindo um uniforme militar, disse às tropas da linha de frente que o objetivo de Moscou é “libertar completamente” Kursk o mais rápido possível.

A visita aconteceu um dia após as negociações de paz entre autoridades dos EUA e da Ucrânia resultarem em Kiev aceitando um cessar-fogo de 30 dias apoiado pelos EUA cobrindo toda a linha de frente.

O avanço da Rússia em Kursk ameaça o único ponto de troca territorial de Kiev em um momento crucial da guerra, quando uma possível trégua está em jogo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na quarta-feira que paz está “nas mãos de Putin”, já que representantes dos EUA se dirigiram à Rússia para discutir a proposta de cessar-fogo.

“Vamos ter que ver. Agora depende da Rússia”, disse Trump no Salão Oval, ao se recusar a comentar se tem uma reunião agendada com o líder russo.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos repórteres na quarta-feira que Putin estava “estudando cuidadosamente” a proposta, enquanto Moscou aguarda ser informada por autoridades dos EUA nos próximos dias.

Horas depois, imagens da mídia estatal russa mostraram Putin se reunindo com seu principal general, Valery Gerasimov, em Kursk, antes de fazer um discurso aos soldados.

Durante o pronunciamento, o líder russo os orientou a expulsar as forças ucranianas restantes na região, levantando a possibilidade de criar uma “zona tampão” ao longo da fronteira da Rússia com a Ucrânia.

Soldados ucranianos capturados em Kursk devem ser tratados como “terroristas”, acrescentou Putin.

Invasão em Kursk

A Ucrânia lançou sua incursão de choque em Kursk em agosto, capturando o território durante a primeira invasão terrestre da Rússia por uma potência estrangeira desde a Segunda Guerra Mundial.

Além de capturar terras que poderiam ser potencialmente trocadas por território ocupado pela Rússia, a campanha visava desviar os recursos de Moscou das linhas de frente no leste.

A Ucrânia tem lutado para manter seu território capturado, com seu controle sobre a região se deteriorando rapidamente nos últimos dias.

Na quarta-feira, Gerasimov afirmou que as forças russas haviam recapturado mais de 86% da área tomada pela Ucrânia, que 430 soldados ucranianos foram feitos prisioneiros e os restantes foram cercados.

As esperanças de Kiev de usar Kursk como uma moeda de troca nas negociações “desmoronaram totalmente”, afirmou Gerasimov.

Peskov disse nesta quinta-feira (13) que a operação para expulsar as forças ucranianas restantes, entrou em seu estágio final, disse a agência de notícias estatal TASS.

O exército ucraniano admitiu ter sido expulso de vários assentamentos em Kursk pelas forças russas nos últimos dias.

Na quarta, o principal general da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi, sugeriu mais recuos táticos para “posições mais favoráveis”, dizendo que sua prioridade era “salvar as vidas de soldados ucranianos”.

A Rússia realizou ataques aéreos em seu próprio território, incluindo a cidade de Sudzha, que foi “quase completamente destruída”, acrescentou Syrskyi.

O enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, deve viajar para a Rússia no final desta semana, mas não ficou claro se ele planeja se encontrar com Putin, com quem se encontrou no mês passado.

O vice-presidente americano, JD Vance, falando no Salão Oval, observou que as conversas estão acontecendo “por telefone e pessoalmente com alguns de nossos representantes nos próximos dias”.

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