Desempenho na fruticultura exige sincronia entre produção e consumo de energia

Características específicas da fotossíntese na videira e mangueira pedem olhar holístico Desempenho na fruticultura exige sincronia entre produção e consumo de energia
Acervo/Seiva do Vale
Produtores de frutas do Vale do São Francisco devem ficar atentos a um mecanismo fundamental na vida de suas plantas: na fruticultura, as espécies C3, como a videira e a mangueira, possuem um mecanismo fotossintético específico que pode incluir a fotorrespiração, um processo que consome energia. Essas plantas armazenam carboidratos em forma de amido para sustentar o crescimento futuro. No caso do ciclo da videira, após a poda, a planta utiliza as reservas acumuladas nos ramos e, quando estas se esgotam, recorre às reservas das raízes.
Como explica a professora de Agronomia no Instituto Federal do Sertão Pernambucano Ana Rita Leandro dos Santos, especialista em ecofisiologia vegetal, essa sincronia entre produção e consumo de energia demonstra a importância de uma abordagem holística no manejo das plantas. Não se pode enxergar a planta de forma isolada, mas sim como parte de um ecossistema em constante interação com o ambiente. O sucesso da produção agrícola depende deste entendimento e da otimização das condições para maximizar a eficiência fotossintética.
Fotossíntese e vida
A fotossíntese é um dos processos mais fundamentais para a vida no planeta: ela é o evento metabólico primário das plantas e dela dependem direta ou indiretamente todos os organismos vivos. Desde a produção de alimentos até a indústria têxtil, a fotossíntese desempenha um papel essencial.
Ana Rita explica que esse processo ocorre quando a planta capta o dióxido de carbono da atmosfera e a água do solo, utilizando a energia da luz solar para produzir açúcares. Como subproduto, a planta libera oxigênio, fundamental para a respiração dos seres vivos.
Esses açúcares, por outro lado, formam a base para o crescimento, desenvolvimento e produção da planta, como explica a especialista. Portanto, a qualidade dos frutos, o crescimento vigoroso e as reservas energéticas para o ciclo seguinte dependem diretamente da eficiência fotossintética.
Lidando com estresse
A fotossíntese também influencia a capacidade da planta de lidar com estresses ambientais. Fatores como radiação excessiva ou insuficiente, temperaturas extremas e danos causados por pragas e doenças podem comprometer o desempenho fotossintético. A professora defende que, o produtor entender esse processo é essencial para manejar a produção vegetal de maneira eficiente.
No estudo da ecofisiologia, que trata da relação entre as plantas e o ambiente, a fotossíntese é analisada em conjunto com a respiração. Durante o dia, a planta sintetiza compostos energéticos na fotossíntese; à noite utiliza esses compostos na respiração, para crescimento e manutenção. Esse balanço entre produção e consumo de energia é fundamental para o desenvolvimento vegetal.
Decisões assertivas
A ecofisiologia se concentra no estudo do comportamento da planta na sua interação com o solo, o clima e o manejo: tudo repercute em como ela se desenvolve. Esse olhar contribui para a definição de protocolos mais adequados de uso de uma variada gama de produtos, como explica a equipe de assistência técnica da Seiva do Vale. As orientações são mais adequadas e o uso de produtos que resolvem o problema real identificado ajudam o produtor a ter mais eficiência na sua cultura.