Ritmo de crescimento da economia deve cair em 2025, apontam analistas

A divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 reforça a expectativa de desaceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira em 2025, segundo os economistas ouvidos pela CNN.

Em entrevista ao CNN Money nesta sexta-feira (7), o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, afirmou que os dados do último trimestre do ano passado mostraram uma “desaceleração importante”.

“A gente já terminou o ano passado pisando no freio. Isso tem explicações macroeconômicas, como as decisões do Banco Central de elevar os juros, que tem como efeito esperado frear a economia para conseguir produzir o cumprimento da meta de inflação em algum momento no futuro”, afirmou.

O PIB de 2024 mostrou crescimento de 3,4% da economia brasileira no consolidado do ano, levemente abaixo das projeções do mercado e do Ministério da Fazenda, que estimavam alta de 3,5% para cima. No quarto trimestre, a variação foi de 0,2% em relação ao trimestre anterior.

Apesar do 3º ano consecutivo de crescimento acima de 3%, o cenário não deve se repetir em 2025, segundo os especialistas.

O estrategista-chefe da BGC Liquidez, Daniel Cunha, destacou que o carrego estatístico menor que o esperado pelo mercado deve causar revisão nas projeções da atividade econômica deste ano, que deve ficar na casa dos 2%.

“Apesar de se tratar de uma desaceleração ordenada e de certa forma conduzida pelo Banco Central, cresce a apreensão quanto à reação política quando os dados começarem a confirmar menor dinamicidade na economia, especialmente no mercado de trabalho”.

Já o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, aponta que a elevação do PIB de 2025 será ocasionada por uma impulsão do setor agropecuário, que foi muito prejudicado em 2024 pelas questões climáticas que atingiram a produção ao longo do ano passado.

“Para 2025, a gente espera um crescimento de 2,5% puxado pelo agronegócio, que deve ter um crescimento entre 7,5% a 10%, segundo nossas contas. Entendo que novamente teremos as partes de varejo e serviços mais equilibradas e o consumo das famílias superando o do governo. Indústria um pouco mais fraca que o PIB, mas de qualquer forma ainda positiva”, declarou.

O Ministério da Fazenda também acredita, inicialmente, que o crescimento da economia brasileira na casa de 2% neste ano. A Secretaria de Política Econômica da pasta projeta expansão de 2,3%.

“No primeiro trimestre de 2025, o ritmo de crescimento deverá voltar a subir na margem, desacelerando em seguida. A expansão da atividade agropecuária deverá ser na casa de dois dígitos, repercutindo principalmente a colheita recorde de soja”, diz um trecho de nota divulgada pelo Ministério da Fazenda.

“A partir do segundo trimestre de 2025, a contribuição do setor agropecuário para o crescimento deverá se tornar negativa, junto com a redução na expansão de atividades cíclicas. Para a segunda metade do ano, a perspectiva é de que o ritmo de crescimento se mantenha próximo à estabilidade, refletindo menores impulsos vindos dos mercados de crédito e de trabalho em função do patamar contracionista da política monetária”, conclui.

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