Luta, tabus e superação: professora conta que chegou a pensar que não resistiria após diagnóstico de esclerose múltipla no interior de SP


A professora de política educacional brasileira, de São José do Rio Preto (SP), recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla, em novembro de 2023. Ela lembra que inicialmente imaginou que a vida tinha acabado por conta da doença. Professora de Rio Preto (SP) conta como foi o processo de diagnóstico até o tratamento da esclerose múltipla
Arquivo pessoal
A esclerose múltipla é uma doença cercada por tabus e por muita desinformação. A notícia do diagnóstico é um drama para diversos pacientes. Situação que foi vivida por uma moradora de São José do Rio Preto (SP), em novembro de 2023.
📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp
Para a professora de Política Educacional Brasileiro da Unesp, Fernanda Motta de Paula Resende, de 42 anos, a primeira reação foi de medo e desespero, mas tudo mudou com tratamento adequado.
A sensação inicial era de que a vida pessoal e profissional da professora tinha acabado ali, justamente por falta de esclarecimentos sobre a doença. Fernanda conta que o diagnóstico precoce foi essencial para obter um tratamento bem sucedido.
Turma de Licenciatura em Pedagogia de 2023 que a professora Fernanda lecionou aulas
Arquivo pessoal
“Eu busquei e tive o diagnóstico e também me esclareceram sobre a doença, mostrando que é possível interromper os surtos” , explica.
A Esclerose Múltipla é uma doença autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central, prejudicando o cérebro e a medula espinhal. A doença faz com que as defesas do organismo do paciente ataquem a bainha de mielina, substância responsável pela proteção dos impulsos nervosos dos neurônios.
Em pessoas jovens, a doença se manifesta por meio da visão turva, visão dupla ou dificuldades de movimento e sensações anormais em regiões aleatórias do corpo. O tratamento é feito com medicações imunológicas.
O médico neurologista Waldir Antônio Maluf Tognola, que atuou como chefe de Neurologia do Hospital de Base(HB), explica que o paciente com a doença tem momentos críticos e que geram desconforto, tecnicamente classificados como “surtos”, e nessas situações, os sintomas são parecidos com os de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Waldir Antônio Maluf Tognola que é neurologista e atuou no departamento da Neurologia como chefe de Neurologia do Hospital de Base
Arquivo pessoal
“A gente chama de surto, não crise, pois é aquele momento onde o paciente tem um sintoma novo que ele não tinha até então, podendo ser um déficit motor, uma perda de força, sensibilidade, equilíbrio ou até visão”, explica.
Após o diagnóstico, a professora lembra que iniciou os tratamentos imunológicos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“A doença afeta o sistema nervoso central, que prejudica o cérebro e a medula espinhal, o tratamento me ajudou nessa questão” , conta Fernanda.
Cérebro e medula espinhal
GETTY IMAGES via BBC
O apoio da família, dos amigos e os resultados que ela obteve durante o tratamento a ajudaram a vencer os momentos delicados. Atualmente, ela usa a própria história para incentivar e conscientizar outras pessoas diagnosticadas com a mesma doença.
“Ter uma base de apoio não só de amigos e familiares mas também de profissionais no tratamento da doença é essencial pois é uma doença que pode ser tratada de diversas formas” explica.
O neurologista explica ainda, que o tratamento contra a esclerose múltipla é dividido em fases.
“A gente usa, em alguns casos, corticoide ou uma filtragem de sangue para tirar os anticorpos que estão prejudicando o sistema nervoso. Esses tratamentos são da fase aguda, depois disso, que o paciente volta com as funções neurológicas ao normal, a gente tem vários caminhos a seguir, como injeções ou medicamentos orais”, explica.
Ao g1, Fernanda reforçou sobre a importância das pessoas procurarem entender sobre o assunto.
“É importante a gente desestigmatizar a doença, superar essas falsas crenças que alimentam esse preconceito que as pessoas e só contribuem com impactos negativos para as pessoas, seja no convívio social quanto no mercado de trabalho” , conta.
Turma de coordenação do Programa Residência Pedagógica de 2022 a 2024 que a professora Fernanda orientou
Arquivo pessoal
De acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), pelo menos 40 mil brasileiros sofrem com a doença.
Se não tratada, a doença pode trazer problemas de coordenação e equilíbrio. Além de afetar a coordenação motora, levando a dificuldades no equilíbrio, marcha instável e falta de precisão nos movimentos. Neste mês, são feitas diversas ações para alertar a população.
Agosto Laranja
A Campanha “Agosto Laranja” foi criada em 2014, pelos Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME), com o objetivo de ser um movimento coletivo para desmistificar a condição crônica de doença e fomentar o diagnóstico precoce. O trabalho de conscientização é feito em várias partes do país. Independente das ações pontuais, os médicos alertam que é importante que todas as pessoas estejam atentas aos primeiros sinais e busquem atendimento e tratamento especializados.
Veja mais notícias da região em g1 Rio Preto e Araçatuba.
VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM
Adicionar aos favoritos o Link permanente.