Nissan e Honda encerram negociações por fusão das operações

A Nissan e a Honda do Japão encerraram as discussões sobre um acordo que criaria a terceira maior montadora do mundo.

As duas empresas, juntamente com sua parceira júnior Mitsubishi Motors, concordaram em “rescindir” um memorando de entendimento para unir forças, disse a Nissan em um comunicado nesta quinta-feira (13).

“No futuro, a Nissan e a Honda colaborarão dentro da estrutura de uma parceria estratégica voltada para a era da inteligência e dos veículos eletrificados, esforçando-se para criar novo valor e maximizar o valor corporativo de ambas as empresas”, afirmou.

A Nissan e a Honda anunciaram em dezembro que iniciariam negociações nos seis meses seguintes sobre uma possível fusão, em um acordo que lhes daria mais poder de fogo para competir com a crescente concorrência de montadoras chinesas como a BYD.

O acordo foi motivado pela necessidade de combinar seus recursos para permanecerem competitivos enquanto a indústria faz a transição para veículos elétricos. No entanto, após apenas algumas semanas de conversas, as negociações pareceram estagnar.

Durante as discussões, várias opções foram consideradas em relação à estrutura da integração empresarial, de acordo com o comunicado.

A Honda propôs mudar a estrutura da fusão pretendida de uma holding conjunta, como acordado inicialmente, para um acordo com a Honda como empresa controladora e a Nissan como sua subsidiária por meio de uma troca de ações. Ambas as empresas concluíram eventualmente que era melhor “cessar as discussões”, acrescentou a declaração.

A Nissan tem lutado desde o colapso de sua aliança de longa data com a montadora francesa Renault.

Ela enfrenta sérios problemas financeiros que a colocam em necessidade desesperada de um parceiro maior. Alguns analistas especularam que a Nissan poderia enfrentar a falência já em 2026, quando tem uma enorme quantidade de dívidas a vencer.

Os lucros da Nissan nos seis meses encerrados em setembro caíram 94% em comparação com o mesmo período em 2023, já que a empresa perdeu dinheiro em operações automotivas e relatou apenas um lucro estreito devido ao seu negócio de financiamento.

Em resposta, a Nissan anunciou que cortaria sua produção industrial em 20%, demitindo 9.000 trabalhadores como resultado. Ela também cortou sua previsão de lucro operacional para o ano inteiro em 70%.

Competição intensa

Além dos problemas financeiros, a Nissan — como a maioria das montadoras tradicionais — enfrenta enormes custos de pesquisa e desenvolvimento na transição da produção de veículos movidos a gasolina para veículos elétricos, necessários para cumprir regulamentações ambientais mais rigorosas em todo o mundo.

A empresa obteve algum sucesso com suas ofertas de veículos elétricos, como o Nissan Leaf, um trunfo que ela trouxe à mesa em discussões de fusão.

Os custos de desenvolvimento de veículos elétricos criaram um poderoso incentivo para que as montadoras explorassem fusões como uma forma de dividir o fardo financeiro, de acordo com analistas.

“A Nissan está em uma posição complicada após o colapso de suas negociações de fusão de US$ 60 bilhões com a Honda. A montadora japonesa estará procurando uma nova empresa para fazer parceria”, disse Lucinda Guthrie, chefe da Mergermarket, na quarta-feira.

“À medida que a tecnologia avança, os participantes podem precisar considerar mais medidas para fabricar ‘robôs sobre rodas’ em vez de veículos com motor de combustão. Pode muito bem ser o caso de grandes empresas de tecnologia e fabricantes de componentes eletrônicos, como a Foxconn, se tornarem parceiros cruciais”, acrescentou ela.

A fabricante taiwanesa de eletrônicos, mais conhecida por ser a principal fornecedora da Apple, confirmou que está interessada em falar com a Nissan sobre trabalharem juntas, disse seu presidente, Young Liu, a repórteres na quarta-feira.

A Foxconn não está interessada em adquirir a fabricante de automóveis, ele acrescentou.

Desde 1999, a Nissan está em uma aliança com a Renault. As duas concordaram em janeiro de 2023 em reestruturar sua parceria, com a empresa francesa reduzindo sua participação na montadora japonesa para 15%, um marco significativo em sua longa colaboração.

As montadoras trabalharam em conjunto, ao lado da parceira júnior Mitsubishi Motors.

A aliança permitiu que elas compartilhassem produção e tecnologia e, por fim, economizassem bilhões de dólares por ano. Mas o grupo se desfez após a queda impressionante de seu ex-chefe Carlos Ghosn em 2018.

IPVA 2025: é melhor pagar à vista ou parcelar imposto? Veja dicas

Este conteúdo foi originalmente publicado em Nissan e Honda encerram negociações por fusão das operações no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.