Desabamento de igreja na Bahia: o que se sabe e o que falta saber

Uma turista de Ribeirão Preto (SP), de 26, anos morreu depois que parte do teto da Igreja de São Francisco de Assis desabou na tarde de 5/2/2025, no Centro Histórico de Salvador. Outras cinco pessoas ficaram feridas. Reprodução: Flipar

A Igreja de São Francisco, em Salvador, na Bahia, foi palco de uma tragédia nesta quarta-feira (5): uma parte do teto desabou durante o período da tarde, deixando uma pessoa morta e seis feridos.

Conhecida como ‘igreja de ouro’, a propriedade pertence à Comunidade Franciscana da Bahia e, assim como o convento, é um patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Confira o que se sabe sobre o caso até o momento:

Quem são as vítimas?

Conforme a Polícia Civil da Bahia, a vítima foi identificada como a turista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, natural do município de Ribeirão Preto (SP). A Polícia Civil, por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, investiga o caso.

No momento do acidente, ela visitava o temploRedes sociais

O nome dos feridos e o estado atual de saúde de cada um deles não foi divulgado. Anteriormente, a Defesa Civil informou que eles sofreram apenas ferimentos leves.

Por que o teto da igreja desabou?

As causas do desabamento ainda são desconhecidas. Segundo a Defesa Civil de Salvador, o espaço central da igreja caiu enquanto o templo estava aberto e recebia turistas e fiéis.

A Polícia Técnica da Bahia deve concluir ainda hoje as circunstâncias da tragédia.

A investigação terá o apoio da Polícia Federal, conforme nota divulgada ontem pela corporação, que disse que o objetivo é “colher de forma célere e eficiente os primeiros elementos sobre o sinistro ocorrido”.

Quem era o responsável pela manutenção do local?

Em nota conjunta com o Ministério da Cultura, o Iphan afirmou que a Ordem Primeira de São Francisco era a responsável pela manutenção do local.

Foi realizada uma vistoria?

O frei responsável pela Igreja São Francisco de Assis, havia solicitado na segunda-feira (3) uma vistoria do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico (Iphan). A visita técnica no local foi para esta quinta-feira (6). A informação foi confirmada em nota divulgada pelo órgão.

O informe do Iphan também afirma que a autarquia já havia emitido auto de infração em maio de 2022 à Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil – Comunidade Franciscana da Bahia, devido à degradação da Igreja por falta de manutenção e conservação. Ainda, reforçou que não houve qualquer comunicado da Defesa Civil da cidade, do Corpo de Bombeiros ou outros órgãos a respeito de eventuais riscos.

“Reforça-se que a Igreja e o Convento de São Francisco são edificações de propriedade privada, cuja responsabilidade pela manutenção e pela preservação são de seu proprietário, assim como a gestão de seu uso”, diz o informe.

O que diz a administração da igreja?

Em nota, a Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil e a Comunidade Franciscana da Bahia lamentaram o ocorrido.

“Neste momento de imensa dor, unimo-nos em oração pela vítima fatal, por seus familiares e por todos os atingidos por essa tragédia. Os feridos estão recebendo os cuidados necessários, e as autoridades competentes já foram acionadas para investigar as causas do ocorrido e adotar as providências cabíveis para garantir a segurança do local”, diz a nota.

Qual a importância da Igreja de São Francisco?

A Igreja de São Francisco, tombada e integrante do centro histórico de Salvador reconhecido como patrimônio mundial pela Unesco, data dos séculos XVII e XVIII, e é considerada pelo Iphan uma das mais ricas expressões do barroco brasileiro, também apresentando elementos rococó e neoclássicos.

Sua construção é revestida externamente por esculturas e relevos com folhagens e frutos de talha dourada, além de azulejos, e sua ornamentação levou décadas para ser concluída.

Ele destacou que a Igreja Católica e o Vaticano devem monitorar as condições estruturais dos prédios Fábio Marconi/Divulgação PMS

Além de sua importância histórica e religiosa, a igreja é um dos principais pontos turísticos de Salvador.

Há outros lugares em risco?

O balanço mais recente do projeto Casarões, desenvolvido pela Defesa Civil de Salvador, indica que há pelo menos 2,7 mil casarões e outras construções históricas do centro e entorno.

Do montante, cerca de 15% possuem risco alto e muito alto para desabamento ou incêndio, segundo números de 2023 do órgão municipal. Entre as localidades que registram mais ocorrências estão Pelourinho, Comércio, Santo Antônio, Barbalho, Soledade, Barroquinha, Baixa dos Sapateiros e Saúde. 

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