Trump abordou união e nacionalismo no discurso de posse de 2017; relembre

Ao tomar posse para o primeiro mandato como presidente dos Estados Unidos, em 2017, Donald Trump falou em união e ressaltou que o país estaria “em primeiro lugar” nas decisões do governo – um dos motes de campanha.

O republicano destacou à época que a população estava reunida em um esforço para reconstruir o país e que, naquele dia, o poder estava “voltando para o povo americano”.

“Este é o seu dia. Esta é a sua celebração. E este, os Estados Unidos da América, é o seu país. O que realmente importa não é qual partido controla nosso governo, mas se nosso governo é controlado pelo povo”, comentou.

Na ocasião, o republicano também observou que a cada quatro anos é feita a “transferência de poder ordenada e pacífica”, agradecendo a Barack Obama, que estava deixando a Presidência, e a então primeira-dama Michelle.

Quatro anos mais tarde, em 2021, Trump não esteve presente na posse de Joe Biden e acusa o Partido Democrata até hoje de ter fraudado o pleito em que foi derrotado. Naquele ano, também houve a invasão do Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, no dia em que o resultado da eleição de 2020 estava sendo certificado.

Grande parte do discurso de posse de 2017 de Donald Trump foi voltado à ideia de ter como foco os Estados Unidos.

“Seguiremos duas regras simples: compre produtos americanos e contrate americanos”, colocou.

No final do discurso, o republicano usou o mote da campanha de 2016, que foi reavivado no pleito de 2024, ressaltando que, juntos, iram “Fazer a América Grande de Novo” (em tradução livre de “We Will Make America Great Again”).

É possível ler o discurso completo de Donald Trump na cerimônia de posse de 2017, em inglês, neste link.

Veja curiosidades dos discursos de posse nos EUA

A fala do novo presidente na cerimônia de posse não é uma exigência da Constituição dos EUA, mas se tornou uma tradição que teve início logo no primeiro evento de posse no país, com George Washington, em 1789.

Em 2017, foi a primeira vez que houve uma transmissão da solenidade no Twitter (que atualmente é chamado X), sendo que o canal oficial alcançou 6,8 milhões de espectadores únicos, segundo o Comitê Conjunto do Congresso sobre Cerimônias Inaugurais.

Veja outras curiosidades:

  • George Washington fez o discurso de posse mais curto, com 135 palavras, em  4 de março de 1793.
  • William Henry Harrison fez o discurso de posse mais longo, com 8.445 palavras, em 4 de março de 1841, e mais de duas horas de duração
  • O discurso de posse de John Adams, que teve 2.308 palavras, possui a frase mais longa dessas falas, com 737 palavras.
  • Em 1921, Warren G. Harding se tornou o primeiro presidente dos EUA a fazer o juramento e discurso de posse com alto-falantes.
  • Em 1925, o discurso de posse de Calvin Coolidge foi o primeiro a ser transmitido nacionalmente pelo rádio.
  • Em 1949, Harry S. Truman se tornou o primeiro presidente dos EUA a fazer seu discurso de posse na televisão.
  • Atualmente, os discursos de posse são feitos na Frente Oeste do Capitólio, a sede do Congresso dos Estados Unidos

Veja o discurso de posse de Trump de 2017, traduzido em português, na íntegra:

“Sr. juiz presidente da Corte Roberts, presidente Carter, presidente Clinton, presidente Bush, presidente Obama, concidadãos americanos e povos de todo o mundo: obrigado.

Nós, os cidadãos da América, nos unimos agora em um grande esforço nacional para reconstruir nosso país e restaurar sua promessa para toda nossa população.
Juntos, vamos definir o rumo da América e do mundo por muitos e muitos anos.

Vamos enfrentar desafios. Vamos encontrar dificuldades. Mas teremos sucesso nessa missão.

A cada quatro anos, nos reunimos neste lugar para realizar a transferência de poder de forma ordenada e pacífica, e somos gratos ao presidente Obama e à primeira-dama Michelle Obama por sua gentil ajuda ao longo de toda essa transição. Eles foram magníficos.

A cerimônia de hoje, no entanto, tem um significado muito especial. Porque hoje não estamos apenas transferindo o poder de um governo a outro, ou de um partido a outro – estamos transferindo o poder de Washington, DC e devolvendo-o a vocês, o povo americano.

Por muito tempo, um pequeno grupo na capital de nossa nação colheu os benefícios do governo, enquanto o povo arcava com os custos.

Washington floresceu – mas o povo não compartilhou de sua riqueza.

Os políticos prosperaram – mas os empregos foram embora e as fábricas foram fechadas.

O establishment protegeu a si mesmo, mas não aos cidadãos de nosso país.

As vitórias não foram suas vitórias; os triunfos não foram seus triunfos; e enquanto eles comemoravam na capital de nossa nação, havia pouco o que celebrar para famílias em dificuldades em todo nosso país.

Isso tudo vai mudar – e começa aqui e agora, porque este momento é o seu momento: ele pertence a vocês.

Pertence a todos reunidos aqui hoje e a todos que assistem de toda a América.

Este dia é o seu dia. Esta celebração é a sua celebração.

E este país, os Estados Unidos da América, é o seu país.

O que realmente importa não é qual partido controla nosso governo, mas se nosso governo é controlado pelo povo.

O dia 20 de janeiro de 2017 será lembrado como o dia em que o povo se tornou o governante desta nação outra vez.

Os homens e mulheres esquecidos do nosso país não serão mais esquecidos.

Todos estão ouvindo vocês agora.

Vocês vieram aos milhões para fazerem parte de um movimento histórico como o mundo nunca viu.

No centro desse movimento está uma convicção crucial: a de que uma nação existe para servir a seus cidadãos.

Os americanos querem boas escolas para seus filhos, bairros seguros para suas famílias e bons empregos para si mesmos.

Essas são as reivindicações justas e razoáveis de pessoas íntegras.

Mas, para muitos de nossos cidadãos, existe uma realidade diferente: mães e crianças presas na pobreza das zonas mais precárias de nossas cidades; fábricas abandonadas espalhadas como lápides pela paisagem de nossa nação; um sistema educacional rico em dinheiro, mas que priva nossos belos e jovens estudantes do conhecimento; e a criminalidade, as gangues e as drogas que roubaram demasiadas vidas e roubaram nosso país de tanto potencial não realizado.

Essa carnificina americana acaba aqui e agora.

Somos uma só nação – e a sua dor é a nossa dor. Seus sonhos são os nossos sonhos; e seu sucesso será o nosso sucesso. Compartilhamos um só coração, um lar e um destino glorioso.

O juramento de posse que faço hoje é um juramento de lealdade a todos os americanos.

Por muitas décadas, enriquecemos a indústria estrangeira às custas da indústria americana; subsidiamos os exércitos de outros países, enquanto permitíamos o lamentável esgotamento de nossas forças armadas; defendemos as fronteiras de outros países, enquanto nos recusávamos a defender as nossas; e gastamos trilhões de dólares no exterior, enquanto a infraestrutura dos Estados Unidos caía em desuso e decadência.

Enriquecemos outros países, enquanto a riqueza, a força e a confiança de nosso país desapareciam no horizonte.

Uma a uma, as fábricas fecharam as portas e deixaram nosso território, sem nem pensar nos milhões e milhões de trabalhadores americanos deixados para trás.

A riqueza da nossa classe média foi arrancada de seus lares e redistribuída pelo mundo inteiro.

Mas isso é passado. E agora estamos voltados apenas para o futuro.

Nós, reunidos aqui hoje, estamos emitindo um novo decreto a ser ouvido em todas as cidades, em todas as capitais estrangeiras e em todos os corredores do poder.

De hoje em diante, uma nova visão governará nosso país.

Deste momento em diante, será somente a América em Primeiro Lugar.

Todas as decisões sobre comércio, impostos, imigração, relações exteriores serão tomadas visando beneficiar os trabalhadores americanos e as famílias americanas.

Devemos proteger nossas fronteiras dos danos causados por outros países que fabricam nossos produtos, roubam nossas empresas e destroem nossos empregos. A proteção levará a uma grande prosperidade e força.

Lutarei por vocês com todas as forças do meu corpo – e nunca, jamais os decepcionarei.

A América começará a vencer outra vez, e vencer como nunca antes.

Traremos nossos empregos de volta. Traremos nossas fronteiras de volta. Traremos nossa riqueza de volta. E traremos nossos sonhos de volta.

Construiremos novas estradas, rodovias, pontes, aeroportos, túneis e ferrovias por todo o nosso maravilhoso país.

Faremos com que nosso povo não dependa mais de assistência social e que volte a trabalhar – reconstruindo nosso país com mãos americanas e contratando americanos.

Seguiremos duas regras simples: comprar o que for americano e contratar quem for americano.

Promoveremos a amizade e a boa vontade com as nações do mundo – mas o faremos com o entendimento de que é direito de todas as nações colocar seus próprios interesses em primeiro lugar.

Não buscamos impor nosso modo de vida a ninguém, mas sim deixá-lo brilhar como um exemplo para todos seguirem.

Reforçaremos antigas alianças e formaremos novas – e uniremos o mundo civilizado contra o terrorismo islâmico radical, que erradicaremos completamente da face da Terra.

No alicerce de nossa política haverá uma lealdade total aos Estados Unidos da América, e por meio de nossa lealdade ao nosso país, redescobriremos nossa lealdade uns aos outros.

Quando você abre seu coração para o patriotismo, não há espaço para o preconceito.

A Bíblia nos diz: “Como é bom e agradável que os irmãos vivam em união.”

Devemos falar abertamente, debater nossas divergências com honestidade, mas sempre buscando a solidariedade.

Quando a América está unida, nada pode detê-la.

Não deve haver medo – estamos protegidos e sempre estaremos protegidos.

Seremos protegidos pelos grandes homens e mulheres de nossas forças armadas, de nossa polícia e, o mais importante, somos protegidos por Deus.

Finalmente, devemos pensar grande e sonhar ainda mais alto.

Na América, sabemos que uma nação só vive enquanto estiver se esforçando.

Não aceitaremos mais os políticos que muito falam e pouco fazem – constantemente se queixando, mas sem nunca agir a respeito.

A hora das palavras vazias acabou.

Agora é chegada a hora da ação.

Não permitam que ninguém lhes diga que algo não pode ser feito. Nenhum desafio é páreo para o coração, a garra e o espírito da América.

Não vamos fracassar. Nosso país vai crescer e prosperar novamente.

Estamos no início de um novo milênio, prontos para desvendar os mistérios do espaço, para livrar a Terra do sofrimento das doenças e empregar as energias, indústrias e tecnologias do amanhã.

Um novo orgulho nacional vai inspirar nossas almas, elevar nossas visões e sanar nossas divisões.

É hora de nos lembrarmos daquele antigo ditado que nossos soldados nunca esquecerão: que, quer sejamos pretos, pardos ou brancos, todos sangramos o mesmo sangue vermelho dos patriotas, todos desfrutamos das mesmas liberdades gloriosas e todos saudamos a mesma e grandiosa bandeira americana.

Quer uma criança nasça na periferia de Detroit ou nas planícies varridas pelo vento de Nebraska, ela olha para o mesmo céu à noite, enche seu coração com os mesmos sonhos e é infundida com o sopro da vida pelo mesmo Criador Todo-Poderoso.

Portanto, a todos os americanos, em todas as cidades próximas ou distantes, pequenas ou grandes, de montanha a montanha e de oceano a oceano, ouçam estas palavras:

Vocês nunca mais serão ignorados.

Sua voz, suas esperanças e seus sonhos definirão nosso destino americano. E sua coragem, sua bondade e seu amor nos guiarão para sempre ao longo do caminho.

Juntos, tornaremos a América forte outra vez.

Tornaremos a América rica outra vez.

Faremos a América sentir orgulho outra vez.

Deixaremos a América segura outra vez.

E, sim, juntos, tornaremos a América grande outra vez. Muito obrigado, Deus os abençoe, e Deus abençoe a América.”

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Trump abordou união e nacionalismo no discurso de posse de 2017; relembre no site CNN Brasil.

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